Apoio deficiente das paredes para correcção das
pontes térmicas
As assimetrias de resistência térmica das fachadas conduzem ao fenómeno
conhecido por “pontes térmicas” cujo efeito se impõe evitar ou, pelo menos,
minimizar, e que se traduz numa perda de energia significativa e na formação de
condensações superficiais internas com consequente formação de fungos e
bolores. Além das consequências ao nível do conforto estético e visual e da
durabilidade dos materiais, o fenómeno afecta, ainda, a salubridade dos locais,
sendo frequentemente responsável por alergias e afecções respiratórias. O
fenómeno das condensações superficiais interiores, que não é objecto desta
abordagem, é um fenómeno complexo cuja solução passa sempre pela conjugação da
ventilação (e/ou redução da produção de vapor de água), do aquecimento interior
e do reforço de isolamento térmico.
A correcção das pontes térmicas com forras exteriores de tijolo furado
envolvendo toda a estrutura é a técnica mais divulgada e uma das mais referidas
na regulamentação em vigor desde 1990 (RCCTE), recentemente actualizada em
2006. Esta técnica é, por vezes, concretizada com recurso ao avanço integral do
pano exterior da parede dupla, de modo a garantir que fica saliente em relação
à estrutura pelo menos 7 cm, conferindo-lhe uma protecção térmica mínima
através dos 2 alvéolos de ar (furos) do tijolo cerâmico. Para que tal aconteça,
em segurança, devem estar cumpridas 3 condições mínimas:
(i) a parede
apoia na laje (ou suporte alternativo de resistência e rigidez adequados) em
pelo menos 2/3 da sua espessura em tosco;
(ii) a estabilidade básica de cada
pano de piso está verificada, tendo em consideração a dimensão e localização do
apoio efectivo, do seu peso próprio e do peso do revestimento exterior;
(iii) o
pano exterior está devidamente grampeado ao pano interior com 2 a 3 grampos por
metro quadrado. Nos casos em que as ligações nos topos horizontais ou verticais
são limitadas ou inexistentes, a verificação básica da estabilidade (ii) deve
contemplar a acção do vento, bem como outras que atendam à especificidade de
cada caso.
Quando não se verificam as condições enunciadas, pode considerar-se que
existe um apoio deficiente da parede e é frequente observarem-se fissuras
horizontais significativas junto à laje ou a meia altura entre pisos. Nos casos
mais graves pode ocorrer o deslocamento da parede e a criação de condições de
instabilidade que podem conduzir ao seu colapso total ou parcial.
