quarta-feira, 11 de abril de 2012

Juntas de dilatação inadequadas




Juntas de dilatação inadequadas

A inexistência de juntas de expansão/contracção (vulgarmente conhecidas como “juntas de dilatação”) nas paredes de alvenaria de extensão considerável conduz, frequentemente, a fenómenos de fissuração, esmagamento localizado e destacamento de revestimentos. Estas anomalias resultam do facto de haver movimentos naturais de expansão ou contracção - resultantes de variações de teor de humidade ou temperatura - que estão total ou parcialmente impedidos, por ausência ou inadequação das referidas juntas. Estes movimentos, uma vez impedidos, vão equivaler, em termos de efeito mecânico, a uma deformação imposta e, consequentemente, a uma significativa tensão interna da alvenaria, com maior expressão, em geral, na direcção horizontal.

A situação é agravada se os materiais apresentarem movimentos irreversíveis significativos (expansão nos tijolos e retracção nos blocos de betão).
A tensão média instalada, quando é de compressão, pode não representar o maior perigo para a alvenaria, uma vez que esta tem, em geral, elevada resistência para este tipo de esforço.
Todavia, o facto de este ser um fenómeno marcadamente horizontal, vai provocar concentração de tensões em vários pontos e tensões de corte elevadas na interface entre o tijolo e as juntas horizontais de argamassa. As primeiras resultam em esmagamento e destacamento lateral e as segundas em fissuração horizontal, com levantamento das faixas superiores da alvenaria, menos sujeitas a cargas verticais. Quando as tensões são de tracção é praticamente inevitável a fissuração horizontal das juntas de assentamento e a fissuração vertical na ligação a elementos confinantes com maior rigidez. A restrição de movimentos conduz, ainda, à criação de tensões de corte na ligação aos revestimentos rígidos, como se analisa em secção própria.

As juntas de expansão/contracção devem ser dimensionadas para acomodar, pelo menos, o movimento que resulta da multiplicação do comprimento da parede pelo coeficiente de dilatação térmica linear da alvenaria e pela variação máxima previsível da temperatura fictícia “ar-sol”, isto é, tomando em consideração, não só a variação da temperatura do ar, mas também a variação de temperatura da superfície, resultante da radiação solar e da cor do revestimento.
As juntas devem ser adequadamente vedadas com produtos elastómeros e eventuais protecções metálicas, para prevenir a entrada de água e a sua degradação.