Juntas de dilatação inadequadas
A
inexistência de juntas de expansão/contracção (vulgarmente conhecidas como
“juntas de dilatação”) nas paredes de alvenaria de extensão considerável
conduz, frequentemente, a fenómenos de fissuração, esmagamento localizado e
destacamento de revestimentos. Estas anomalias resultam do facto de haver
movimentos naturais de expansão ou contracção - resultantes de variações de
teor de humidade ou temperatura - que estão total ou parcialmente impedidos,
por ausência ou inadequação das referidas juntas. Estes movimentos, uma vez impedidos,
vão equivaler, em termos de efeito mecânico, a uma deformação imposta e, consequentemente,
a uma significativa tensão interna da alvenaria, com maior expressão, em geral,
na direcção horizontal.
A situação é
agravada se os materiais apresentarem movimentos irreversíveis significativos
(expansão nos tijolos e retracção nos blocos de betão).
A tensão
média instalada, quando é de compressão, pode não representar o maior perigo
para a alvenaria, uma vez que esta tem, em geral, elevada resistência para este
tipo de esforço.
Todavia, o
facto de este ser um fenómeno marcadamente horizontal, vai provocar
concentração de tensões em vários pontos e tensões de corte elevadas na
interface entre o tijolo e as juntas horizontais de argamassa. As primeiras
resultam em esmagamento e destacamento lateral e as segundas em fissuração
horizontal, com levantamento das faixas superiores da alvenaria, menos sujeitas
a cargas verticais. Quando as tensões são de tracção é praticamente inevitável
a fissuração horizontal das juntas de assentamento e a fissuração vertical na
ligação a elementos confinantes com maior rigidez. A restrição de movimentos
conduz, ainda, à criação de tensões de corte na ligação aos revestimentos
rígidos, como se analisa em secção própria.
As juntas de
expansão/contracção devem ser dimensionadas para acomodar, pelo menos, o movimento
que resulta da multiplicação do comprimento da parede pelo coeficiente de dilatação
térmica linear da alvenaria e pela variação máxima previsível da temperatura
fictícia “ar-sol”, isto é, tomando em consideração, não só a variação da
temperatura do ar, mas também a variação de temperatura da superfície,
resultante da radiação solar e da cor do revestimento.
As juntas
devem ser adequadamente vedadas com produtos elastómeros e eventuais protecções
metálicas, para prevenir a entrada de água e a sua degradação.
